Cerca de 380 milhões de pessoas no mundo têm a doença, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Apesar de existirem diversas campanhas no Brasil reforçando a importância de uma boa alimentação e hábitos saudáveis para evitá-la, uma de suas variedades é ainda pouco falada, a não ser por quem já passou pelo problema: o diabetes gestacional. Dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes.
A doença é desenvolvida durante a gravidez, quando a mulher passa por transformações em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, – órgão que só existe durante a gestação – reduz a ação da insulina, o que é compensado pela ação do pâncreas. No entanto, em algumas mulheres esta compensação não ocorre, fazendo com elas desenvolvam diabetes gestacional.
Referência na gestação de alto risco no Estado do Rio Grande do Norte, a Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN), filiada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), atende uma média de 20 a 30 pacientes por mês diagnosticadas com a doença que pode vir a causar dano para o binômio materno fetal.
Essa patologia merece atenção, tanto para a mulher quanto para o feto, relata a médica especialista em gestação de alto risco da maternidade, Patrícia Fonseca. “A mulher fica com uma quantidade maior que o normal de açúcar no sangue, condição que pode se normalizar com o nascimento do bebe”, fala a médica.
Na maternidade, todas as pacientes passam por um teste de rastreamento e diagnóstico de diabetes seja pela glicemia em jejum, seja pela curva glicêmica. “Aqui é feito um diagnóstico de diabetes para todas as gestantes, mesmo quando a mulher não tem a doença. Se diagnosticada com diabetes, a gestante inicialmente é orientada a realizar dieta e controle dos níveis glicêmicos, fale ressaltar que cerca de 50% das mulheres que engravidam após os 40 anos desenvolvem a doença”, esclarece a médica.
Foi o que fez Uilma Mauricio dos Santos, 35 anos, dona de casa, após realizar o exame de sangue, constatou aumento de açúcar na corrente sanguínea e mesmo fazendo dieta e tomando insulina não consegue controlar a diabetes. “Esta é segunda vez que sou internada na Januário Cicco, nunca tive sintomas da doença, descobri fazendo exames durante o pré-natal”, diz a paciente.
O controle de diabetes gestacional deve ser feito com orientação nutricional adequada e atividades físicas, devidamente acompanhadas. “Caso não seja suficiente, pode ser feito tratamento medicamentoso com injeções de insulina”, ressalta Conceição Cornetta, gerente de ensino e pesquisa da maternidade.
“Fui mãe três vezes e em minhas gestações anteriores nunca fui diagnosticada com a diabetes gestacional, está é a primeira vez”, afirma a paciente Michelle Targino, 35 anos, copeira, mãe de 3 filhos, internada na enfermaria de alto risco da maternidade por conta da diabetes.
Com relação aos sintomas ela relata que apenas sentia uma dormência nas mãos, fora isso, jamais pensaria que tivesse a doença. “É uma doença silenciosa, não apresentei sintomas, descobri fazendo os exames no pré-natal, agora sigo a minha gestação fazendo dieta e tomando insulina”, diz.
Concorrem também para o diabetes gestacional a obesidade, ganho de peso durante a gestação, ovários policísticos, histórico de diabetes na família, histórico de bebês grandes, hipertensão arterial na gestação, gravidez de gêmeos.
O diabetes gestacional pode causar problemas à mãe e filho, como crescimento excessivo do bebê e, por consequência, um parto traumático, hipoglicemia neonatal e até obesidade diabetes na vida adulta. “A partir do diagnóstico até após o nascimento, mãe e bebê precisam de cuidados especiais e vigilância constante. O parto necessita de especial atenção, principalmente para aquelas que fazem uso de insulina”, explica Cornetta.
Sobre Diabetes
Trata-se de uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não a consegue usar de forma adequada. A insulina é um hormônio responsável pelo controle de quantidade de glicose no sangue. Sua ausência implica em nível alto de glicose no sangue – hiperglicemia –, podendo haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
O diabetes pode ser de tipo 1, tipo 2 ou gestacional. Na primeira, o sistema imunológico ataca por engano as células do pâncreas, fazendo com que pouca ou nenhuma insulina seja produzida. O do tipo 2, bem mais comum, ocorre quando o organismo tem sua produção de insulina progressivamente reduzida, associada à uma resistência à ação dela, no corpo. “O diabetes tem um componente genético e pode iniciar espontaneamente durante a infância ou adolescência (tipo 1), durante a vida adulta (tipo 2), ou durante a gravidez, chamado diabetes gestacional”, conclui Conceição Cornetta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), amamentar, praticar atividades físicas e se alimentar de forma saudável reduzem o risco de a mãe sofrer a evolução da doença para a diabetes tipo 2.
Sobre a Ebserh
Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo da Rede Ebserh é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
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